O INTERACIONISMO E A MEDIAÇÃO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR
A integração de novas tecnologias nas
escolas precisa dar ênfase na importância do contexto sócio-histórico-cultural
em que os alunos vivem e a aspectos afetivos que suas linguagens representam. O
uso de computadores como um meio de interação social, onde o conflito
cognitivo, os riscos e desafios e o apoio recíproco entre pares está presente,
é um meio de desenvolver culturalmente a linguagem e propiciar
que a criança construa seu próprio conhecimento. Segundo RICHTER (2000), as
crianças precisam correr riscos e desafios para serem bem sucedidas em seu
processo de ensino-aprendizagem, produzindo e interpretando a linguagem que
está além das certezas que já tem sobre a língua.
Vygotsky valoriza o trabalho coletivo,
cooperativo, ao contrário de Piaget, que considera a criança como construtora
de seu conhecimento de forma individual. O ambiente computacional proporciona
mudanças qualitativas na zona de desenvolvimento proximal do aluno, os quais
não acontecem com muita freqüência em salas de aula “tradicionais”. A
colaboração entre crianças pressupõe um trabalho de parceria conjunta para
produzir algo que não poderiam produzir individualmente.
A zona de desenvolvimento proximal,
comentada anteriormente, possibilita a interação entre sujeitos, permeada pela
linguagem humana e pela linguagem da máquina, força o desempenho intelectual
porque faz os sujeitos reconhecerem e coordenarem os conflitos gerados por uma
situação problema, construindo um conhecimento novo a partir de seu nível de
competência que se desenvolve sob a influência de um determinado contexto
sócio-histórico-cultural. Wallon também acredita que o processo de construção
do conhecimento passa por conflitos, momentos de crises e rupturas.
A colaboração em um ambiente
computacional torna-se visível e constante, vinda do ambiente livre e aberto ao
diálogo, da troca de idéias, onde a fala tem papel fundamental na aplicação dos
conteúdos. A interação entre o parceiro sentado ao lado, entre o computador, os
conhecimentos, os professores que seguem o percurso da construção do
conhecimento, e até mesmo os outros colegas que, apesar de estarem envolvidos
com sua procura, pesquisa, navegação, prestam atenção ao que acontece em sua
volta, gera uma grande equipe que busca a produção do conhecimento
constantemente. Através disso tudo a criança ganhará mais confiança para
produzir algo, criar mais livremente, sem medo dos erros que possa cometer,
aumentando sua auto-confiança, sua auto-estima, na aceitação de críticas,
discussões de um trabalho feito pelos seus próprios pares.
As novas tecnologias não substituem o
professor, mas modificam algumas de suas funções. O professor transforma-se
agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por
pesquisar, por buscar as informações. Ele coordena o processo de apresentação
dos resultados pelos alunos, questionando os dados apresentados,
contextualizando os resultados, adaptando-os para a realidade dos alunos. O
professor pode estar mais próximo dos alunos, receber mensagens via e-mail com
dúvidas, passar informações complementares para os alunos, adaptar a aula para
o ritmo de cada um. Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem ganha um
dinamismo, inovação e poder de comunicação até agora pouco utilizados.
As crianças também podem utilizar o
E-mail para trocar informações, dúvidas com seus colegas e professores,
tornando o aprendizado mais cooperativo. O uso do correio eletrônico
proporciona uma rica estratégia para aumentar as habilidades de comunicação,
fornecendo ao aluno oportunidades de acesso a culturas diversas, aperfeiçoando
o aprendizado em várias àreas do conhecimento.
O uso da Internet, ou seja, o
hiperespaço, é caracterizado como uma forma de comunicação que propicia a
formação de um contexto coletivizado, resultado da interação entre
participantes. Conectar-se é sinônimo de interagir e compartilhar no coletivo.
A navegação em sites transforma-se num jogo discursivo em que significados,
comportamentos e conhecimentos são criticados, negociados e redefinidos. Este
jogo comunicativo tende a reverter o “monopólio” da fala do professor em sala
de aula.